segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Diários de Terapia 13

Eu vou acabar me matando.

É o pensamento mais recorrente no momento.

E aí muita gente vai falar sobre como precisamos falar sobre depressão. Muita gente que vive a vida de textão em textão e nunca tentou entender nada que não estivesse romantizado no Facebook. Nada que fosse real, que doesse, que sangrasse.

Eu vou acabar me matando. Qualquer dia desses eu vou acabar passando dessa linha fina. Entre acidente e proposital, entre lúcido e fora de mim. Suicídio nunca tem só um lado. Nunca tem só uma voz na cabeça.

O depressivo é um desgaste. Ele é uma sanguessuga para todos que se aproximam. Sua vida é vazia, ridícula e morta. Então ele suga os outros, sem nunca se sentir satisfeito. Ele é um desastre, uma anomalia. Se fosse um animal, seria sacrificado. Se fosse uma planta, seria arrancada. Se o depressivo fosse uma casa, ela precisaria ser demolida e nem um pedacinho seria reaproveitado.

Se algum dia eu resolver apertar melhor esse cinto em volta do meu pescoço, talvez até pendurá-lo em algum lugar. Ou se o saco plástico na minha cabeça não for um adorno temporário. Se eu conseguir mais coragem para me cortar ou se o soco na minha própria cabeça for substituído por um tiro, quem vai poder me culpar? Quem vai acreditar cem porcento que eu parti cedo demais? Sim, vai deixar muita gente mal, mas no fim das contas será que vai ser tão surpreendente assim?

É só apressar o inevitável.



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