sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eu não sei o que fazer com minhas palavras!

Me lembro do não-tão-conhecido filme "Tempo de Crescer" (Paper Man, 2009). Nele, o personagem principal, um escritor bem sucedido mas frustrado, se encontra em uma situação incômoda na vida. Ele se sente inútil, sem propósito. Em um dos momentos mais dramáticos do filme, no auge de seu conflito interno, e tentando encontrar as palavras certas, ele desabafa: "eu não sei o que fazer com minhas mãos".

Compartilho do sentimento de inadequação, de se sentir incapaz de criar qualquer coisa. Eu não sei o que fazer com minhas palavras. Às vezes tenho surtos de criatividade e escrevo muito. Crônicas, roteiros, resenhas e sei-lá-mais-o-quê. Mas o que fazer com isso tudo? Apaixonado pelo audiovisual, tento encontrar uma forma de canalizar minha criatividade para algo mais cinematográfico. Sempre gostei de escrever, adoro filmes, mas não sei bem se consigo fazer alguma coisa sair do papel (que ironia). Eu realmente não sei o que fazer com as minhas palavras.

Até o ensino-médio era tudo despretensioso. O professor mandava escrever, eu escrevia e geralmente a nota era muito boa. Era muito fácil, nada de especial. Depois de entrar - e logo em seguida sair - da faculdade, criei um blog (sobre coisas que aparentemente nem acredito mais) e vi muita gente lendo, gostando e elogiando. "Uau, será que eu sei escrever?". Agora, já formado em outra faculdade, ainda tento dar corpo e forma às palavras. Vejo ex-colegas de turma com suas luzes, câmeras e ação, e me consolo no orgulho e no ego: "eu não queria ser como eles, que só produzem para os outros e não criam nada". Mas e o que eu crio? Meus roteiros inacabados, textos que ninguém lê e vídeos mal feitos? O que fazer com isso?

Segundo o que aprendi na escola, agora é a hora da conclusão. Devo responder à questão levantada no primeiro parágrafo, terminando o texto de forma coesa. Que se foda a coesão. Continuo não fazendo ideia do que fazer com as palavras, só sei que elas estão aqui, fluindo como um rio irritante e infinito. Palavras são tudo o que eu tenho.

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