domingo, 3 de março de 2013

Histórias

Às vezes eu me lembro de uma história que minha avó contava. Era sobre um cavalo. Tenho quase certeza de que era um cavalo. Ele fora abandonado pelo dono porque estava velho, inútil, e saiu vagando pela estrada. Esse cavalo encontra um cachorro - creio que era um cachorro - que também havia sido desprezado pelos donos e agora andava sem rumo. O cachorro se une ao cavalo, por algum motivo sobe nas suas costas, e eles seguem o caminho juntos. E a história vai assim sucessivamente. Eles vão encontrando outros bichos abandonados e criando um bando de rejeitados. Esse bando então, por algum motivo, começa a cantar. Eles viram bichos cantores e começam a se apresentar e ficam famosos por todo lado!

Isso é o que eu lembro da história. Pequenos fragmentos. Eu queria muito lembrar o resto. Queria muito que minha avó estivesse aqui para contar mais uma vez.

Histórias são interessantes, não é? Elas me fascinam! Estamos cercados de histórias. Filmes, livros, teatro, conversas e muito mais. Sempre existe uma história a ser contada. Nossa vida é uma história. Elas traduzem sentimentos, pensamentos, intenções. Elas falam mais alto que nossa própria voz.

Muitos vezes eu me sinto uma fraude. Um trapaceiro. Quando minha vida é muda, morta, sem histórias eu sinto que é injusto que eu esteja aqui e minha avó não. E eu penso naquele cavalo. Eu tenho quase certeza de que era um cavalo. E imagino o que ele pensou quando foi descartado. Será que eu tenho uma voz esperando para se soltar num coral de excluídos? Será que é melhor morrer na estrada solitária buscando uma voz e amigos do que puxar carga para o resto da vida?

Preciso de menos dúvidas e mais histórias.

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