Me destruir já não é um problema. Toda noite, depois de muito custo, eu durmo. Durante algumas hora eu deixo de existir. O meu "eu" não se encontra no espaço e no tempo. Meu corpo continua deitado, mas toda a identidade, memória, tristeza, alegria, amor e ódio some. E antes dos sonhos surgirem para perturbar a paz, antes de acordar com a mente agitada, fico como morto.
A morte nada mais é do que dormir para sempre. Já abandonei a ideia infantil de que existe algo além da vida faz tempo. Não há nada a não ser isso aqui. Quem somos não passa de interações involuntárias no cérebro. E tudo isso desaparece quando o último folego se vai.
Dormir para sempre parece uma ótima ideia. Mas vai continuar sendo ideia, pois só existe lugar para ela na cabeça. Quando sai pela boca, volta como pedradas de pessoas que nunca entenderão.
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