segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Quem vai me fazer rir?

Há um tempão atrás assisti à entrevista de Robin Williams no programa "Inside the Actors Studio". Foi a coisa mais aleatória possível. Eu era bem novo, e o programa passava em um desses canais que ninguém assiste da TV à cabo. Mas de alguma forma eu parei lá, e fiquei. Era incrível a forma como ele tirava gargalhadas de qualquer coisa: transformava objetos comuns em piadas hilárias, fazia imitações, brincava com a platéia. Minha reação imediata foi "esse é o cara mais engraçado do mundo".

Não, nunca vi a maioria dos grandes filmes dele. Não vi Sociedade dos Poetas Mortos, nem Bom Dia Vietnã. Não sei bem porque. Tem tanto filme por aí, que fica difícil ver tudo o que a gente quer. Mas eu me lembro de Jumanji, Patch Adams, e principalmente daquela entrevista. Impossível esquecer a forma como o artista conseguia criar situações engraçadas do nada. Era quase mágico, como se ele chamasse à existência a alegria.

Agora me lembro de outro filme: O Palhaço, de Selton Mello. Com pesar, me vem à memória a frase "Eu faço todo mundo rir, mas quem é que vai me fazer rir?". A triste notícia da morte de Robin traz uma reflexão sobre quem eu quero ser. Meu sonho é ser alguém que alegra a vida das pessoas, que conta boas histórias que acrescentem algo ao público. Quero sim ser uma pessoa conhecida por muitos por ter um bom trabalho. Mas a que custo? Até onde se deve ir, ou o que se deve fazer para impedir uma tragédia? Por que tantas pessoas que alegram tantas outras acabam com suas próprias vidas?

Por mais que eu quisesse, não é possível trazer esse gênio de volta. Então, que ao menos sua morte sirva para que possamos trabalhar em nossas falhas antes que seja tarde demais. É possível viver bem e sem depressão, mas apenas se tirarmos tudo debaixo do tapete e abrirmos espaço para a cura.




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