sábado, 5 de outubro de 2013

Para alguém como eu

Andando pra casa eu pensava na vida. Nada de novo. O mesmo caminho de sempre, os mesmos pensamentos. Pensar demais sempre foi um problema, ainda mais depois de sair do cinema. Minha paixão por cinema é questionada quase sempre que eu saio da sala. Irônico não? Ver como os filmes são feitos e vendidos aos baldes, como alguma coisa de cheiro estranho no Mercado Central me faz pensar que talvez não haja propósito em se sonhar em fazer filmes. Mas aí vem o questionamento mais comum: existe realmente um propósito em alguma coisa que a gente faça? Eu pensei que talvez eu possa fazer alguma coisa que seja útil para pessoas que se sentem como eu.

O que eu escreveria para alguém que se sente como eu nesse momento?

Eu diria que a vida vale a pena? Ela vale sim. É até questão de lógica. Como não valeria? Não é como se tivéssemos outra alternativa. Acho que a pergunta certa é: "vale a pena o esforço?". Se você tem alguma coisa a ver comigo então essa pergunta está presente de alguma forma todos os dias ao amanhecer. É um pensamento depressivo esse de que talvez nada do que a gente faça tenha importância, mas é um pensamento com o qual a gente sempre conviveu né? Mas isso é quem nós somos? Eu ouso pensar que não. Eu penso que naqueles momentos em que eu estou despreocupado, focado, em paz, feliz... nesses momentos é que eu sou eu. Eu não sou a depressão. E vale a pena amar, ser amado, fazer coisas que trazem satisfação que te fazem esquecer que o ponteiro do relógio gira.

Talvez eu diria pra alguém como eu que vai ficar tudo bem. Você não sabe o que vai acontecer. Talvez algo terrível aconteça... ou talvez não! Já parou pra pensar nessa possibilidade? Sim, é a coisa mais difícil do mundo. Mas isso não é você, é seu cérebro que está com algumas coisas fora do lugar. Mas você não é maluco. Olhe ao redor, as pessoas continuam vivendo e lutando e sorrindo. Se todo mundo pensasse como você, ninguém sairia de casa e a humanidade já estaria extinta.

A vida tem um jeito cruel de nos fazer esperar. Ela é uma longa espera. Isso é perigoso, porque corremos o risco de achar que a vida é apenas aquilo que acontece quando a espera termina. Na verdade ela é o caminho, não o destino. Penso nisso sempre que estou no metrô. Eu adoro o metrô! Ele é tão seguro! Ele chega na hora, segue um caminho reto e liso, não depende da boa vontade de um motorista e sempre para em todas as estações. Meios de transporte obviamente nos levam de um lugar a outro, mas se o tempo de locomoção não servir pra nada as coisas vão começar a ficar meio incompletas.

O que eu escreveria para alguém que se sente como eu? Realmente eu não sei. Acho que o melhor que eu posso dizer é: você não está sozinho.

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